Era ali que ele se encontrava. Uma fila à minha frente. Era esta a distância que me separava de um alguém que imediatamente me fascinou. A sua calma, descontracção e paz de espirito, enquanto o padre responsabilizava a omilia, numa igreja de pedra mas onde o calor humano emanava e sufucava quem vestia uma farda. Ambos estavamos que livro aberto. Ele trazia o Evangelho e seguiu as leituras, atentamente, como há muito não via ninguém fazer. Eu trazia a agenda e encontrava-me a planear a semana, até ter reparado no senhor café com leite. Como já disse, fascinou-me. Não pelo Evangelho, mas pela paz interior que soube transmitir a quem o rodeava. "É médico!", disseram-me, depois de me verem fixá-lo. Era Cirurgião Ortopédico no hospital público mais próximo. Daí a calma e a paciência que transpareciam...
ARCG