quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

A chuva dos últimos dias acorda-me a meio da noite. Como se de um verdadeiro despertador se tratasse, mas adiantado umas boas horas. Levanto-me, vou à cozinha, aqueço um copo de leite e, já na varanda, fico a olhar lá fora a chuva, a mesma que me acordou, a cair bem forte e o vento que abana as árvores e derruba aquelas que já de tão velhas não se aguentam de pé. Assim, por vezes, também me sinto eu, pensativa e abanada por todas as variáveis nas quais a minha vida se centra, e que me acabam por me derrubar num sono profundo, mas que tarda em chegar. Porque o mal do ser humano nasce quando pensa demais nos seus problemas, quando tem medo de tomar decisões e as vai adiando (até dar com elas em doido), quando esse medo lhe deturpa a razão e o faz não arriscar, acabando por perder os momentos que mais dão prazer na vida. Porque ninguém tem a certeza de nada. Porque todos nós tomamos decisões na vida sem 100% de certezas. Mas somos, sem dúvida, mais felizes quando as tomamos. E, principalmente, quando constatamos que tinhamos razão e não estávamos errados, quando não temos motivos para querer voltar atrás...

ARCG

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Hoje, a minha vida dava um filme. Ou uma novela. Ou um daqueles romances intermináveis, os quais não se consegue, mesmo, adivinhar o fim. Hoje, a minha vida virou montanha russa, sem que nada o fizesse prever. Hoje, se o meu coração conseguisse falar diria que está a ficar sem espaço dentro do meu corpo, não sei se devido à fúria que carrega se ao consolo que lhe dão. Hoje, como em tantos outros dias, a desilusão foi maior do que qualquer razão que possa ter havido. Hoje, só me apetece fugir, hibernar, e levar-me, em jeito de sonho, para um qualquer sitio onde possa sentir-me melhor...

ARCG

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Conversa no 727


A.: Conta lá como é que vai a tua vida...
J.: Muito mal...
A.: Deixa lá, que a minha também não vai melhor... tenho um nó com três pontas soltas.
J.: Ao menos tens pontas onde te agarrar!

E a verdade é essa... por muito que nos queixemos e achemos que na nossa vida temos sempre grandes problemas para resolver... há que lembrar que, na maioria das vezes, quem está ao nosso lado está sempre pior...


ARCG

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
(...)

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
(...)
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


António Gedeão

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Conversa de paragem de autocarro

(...)

Mãe: Quem é que te disse isso?
Filho: Foi um avô.
Mãe: Um avô?
Filho: Sim, um senhor velhote!


Conversa, às 9h15 da manhã, numa paragem de autocarro no largo do Rato, entre uma mãe e o seu filho (que devia ter, mais ou menos, 2 anos).

sábado, 20 de novembro de 2010


É aqui que me encontro. Nesta fase da vida em que as escolhas tem que ser feitas... Mas é pena não haver a hipóstese de ir em frente... É pena ter que virar as costas a um dos lados... É pena...

ARCG

quarta-feira, 17 de novembro de 2010


As coisas têm a importância que lhes damos.

ARCG

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Destino: Lisboa

Não há nada melhor na vida que reencontrar e reinventar velhos conhecidos e os transportes públicos, logo pela manhã, são o melhor local para isso acontecer...
No outro dia vi-te chegar à estação, com aquele andar tão característico teu. Não duvidei que eras tu e, quando te sentaste à minha frente no comboio pus-me a reviver, nos 20 minutos de viagem, os anos que partilhamos. Não me reconheceste, penso eu (porque embora tu estejas igual, eu estou diferente) nem nos olhamos nos olhos. Tu adormecias e só acordavas com o toque de mensagem no telemóvel, enquanto eu gravava este texto nos rascunhos.
Pus-me a adivinhar em que estação sairias, numa tentativa de adivinhar o teu presente e também o teu futuro. Sais-te na mesma que eu e na ligação ao outro transporte persegui-te os passos na esperança de serem os mesmos que os meus. Até foram, e continuei a seguir-te como se de uma detective esta história se tratasse. No entanto, mais à frente deixei-te ir... na tentativa de sobrar algum mistério deste encontro repentino numa manhã com destino a Lisboa.

ARCG

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Esperança

Como uma amiga tinha no facebook: "Enquanto o céu for azul, a relva verde e o número da Telepizza o mesmo, ainda há esperança."

Eu não diria melhor!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Miradouro de São Pedro de Alcântara


Aproximas-te de mim. Lentamente. A melodia dos pássaros disfarça o teu caminhar. Mas as folhas de Outono, caidas no chão, denunciam-te os passos. Aproximas-te de mim. Devagar. Enquanto peço o rotineiro café. Aproximas-te de mim. Envolves-me o teu abraço à volta do meu pecoço e, num gesto de subtileza, ofereces-me um pastel de nata... o eterno acompanhante do café. Pelo menos o meu. Aproximas-te de mim. Lentamente. E consigo cheirar-te o perfume... sempre tive um bom olfacto (pelo menos é o que dizem). Aproximas-te de mim. Devagar. E, desta vez, consigo sentir-te os lábios. Que também já sabem a pastel de nata.

ARCG

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Confiança. Se a tivermos tudo corre sobre rodas. É simples, apenas temos que acreditar em nós, no que sabemos fazer. Temos que nos conhecer, saber do que somos capazes, de que matéria somos feitos, como reagimos e o que é necessário fazer para nos controlarmos. No entanto, tudo se complica quando, mesmo seguros de nós próprios, alguém chega e dúvida de nós. Os mais fracos vão-se abaixo, mas os mais fortes também. Não há quem não se auto-destrua, quem não duvide de si. Mas a diferença entre os mais fracos e os mais fortes está no facto de os primeiros não serem capazes de voltar a confiar em si. Por isso digo, que tudo na vida gira em volta da confiança que temos em nós próprios.

ARCG

sábado, 16 de outubro de 2010

“Em algum lugar acima do arco-íris lá em cima, há um lugar de que ouvi falar… numa canção de

embalar.

Em algum lugar cima do arco-íris o céu é azul e os sonhos que ousas sonhar tornam-se

realidade.”

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Já prometi isto uma vez. Não resultou. Mas a partir de hoje, mais nenhuma lágrima tua correrá pelo meu rosto. Desisto (e esta é a palavra que mais odeio escrever e dizer). Mas desisto de te compreender e desisto que me compreendas. Somos muito diferentes e discordo, plenamente, de quem algum dia disse que os opostos se atraem. Acho que as relações que as pessoas mantêm são precisamente ao contrário. É preciso ser-se minimamente perecido para algo resultar. Desisto, mas que fique a ressalva de que não foi por falta de esforço ou de tentativas, antes porém de estar farta da conversa de sempre. Não tenho mais argumentos, não me consigo explicar de outra forma... e se não entendes isso, talvez seja porque não funcionamos da mesma forma. Sou apenas mais uma das pessoas a quem tens de dar atenção (embora digas que não, é isto que acho que sou para ti). Espero, desta forma, vir a reduzir a tua lista de espera e contribuir para uma melhor gestão do teu tempo. Como já te disse, tentei, e muito... mas não consigo mais. Já não tenho forças para travar uma batalha da qual vou sair inglória. Não tens com que te preocupar... eu não fico bem, mas também, ultimamente, tem sido o meu estado natural. Já prometi isto uma vez. Não resultou. Nem sei se vai resultar agora. Mas, ao menos, sei que alguma coisa vai mudar... porque já está tudo diferente.

ARCG

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O meu coração - Anaquim (com Ana Bacalhau)




Meu coração é um viajante
Que se entrega num instante
Por ai a onde for
Acha que sabe bem o que eu preciso
Prende-se a qualquer sorriso
Sem motivos de maior
O meu coração é inocente
Pensa que a vida é um mar de rosas
Mas eu que vi espinhos em toda a gente
Afasto essas certezas duvidosas

O meu coração é um bicho muito estranho
Que se esconde e não responde a quem chamei
Alérgico ao exterior vive na toca
Onde se esconde e sufoca por não ver entrar o ar
O meu coração vive trancado
Diz que atirou a chave ao mar
E eu que a procurei por todo o lado
Só me resta assim continuar

Coração triste
Não me arrastes em teu passo
Meu corpo insiste em decidir o que faço
Se eu digo que sim ele diz que não
Eu vou bem sem coração
Entre morrer de amor e viver nesta prisão
Coração louco
Não me imponhas o teu vicio
Que a pouco e pouco vou cedendo ao sacrifício
É que eu sei bem que se acordares
E procurares por ai
Encontras outro coração para ti

O meu coração é uma criança
Ansiosa pela dança de quem lhe estender a mão
Mas este é caprichoso e inclusivo
É na lista compulsivo que não chega à conclusão

O meu coração segue as novelas
Jubila com as falas das actrizes
O meu carrega histórias de mazelas
E afasta-se desses finais felizes

Coração triste
Não me arrastes em teu passo
Meu corpo insiste em decidir o que faço
Se eu digo que sim ele diz que não
Eu vou bem sem coração
Entre morrer de amor e viver nesta prisão
Coração louco
Não me imponhas o teu vicio
Que a pouco e pouco vou cedendo ao sacrifício
É que eu sei bem que se acordares
E procurares por ai
Encontras outro coração para ti

Falei primeiro a bem por ser assunto de respeito
Mas não deu ouvidos perseguiu naquele jeito

Mudei para as ameaças
Tentei que usasse a razão
Mas é palavra estranha pro meu pobre coração

Farta desses maus tratos fiz as malas e parti
E logo te encontrei com o mesmo modo que eu sofri
A mesma frustração
A mesma pose o mesmo olhar
E em teu toque senti no meu corpo a trupulsar

Juntos rimos de tudo
Só chorámos nas novelas
Fingimos ser crianças e dançámos como elas
Perdemos noite e dia entre histórias e canções
Juntámos nomes, gostos e moradas
E quase sem dar por nada
Encontrámos corações

Coração triste
Não me arrastes em teu passo
Meu corpo insiste em decidir o que faço
Se eu digo que sim ele diz que não
Eu vou bem sem coração
Entre morrer de amor e viver nesta prisão
Coração louco
Não me imponhas o teu vicio
Que a pouco e pouco vou cedendo ao sacrifício
É que eu sei bem que se acordares
E procurares por ai
Encontras outro coração para ti

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Nunca te detenhas

"Tem sempre presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos... Mas o que é importante não muda, a tua força e convicção não têm idade, o teu espírito é como qualquer teia de aranha, atrás de cada linha de chegada, há uma de partida, atrás de cada conquista, vem um novo desafio,enquanto estiveres viva, sente-te viva. Se sentes saudades do que fazias, volta a fazê-lo, não vivas de fotografias amarelecidas... Continua, quando todos esperam que desistas, não deixes que enferruje o ferro que existe em ti. Faz com que em vez de pena, te tenham respeito, quanto não conseguires correr através dos anos, trota, quando não consigas trotar, caminha, quando não consigas caminhar, usa uma bengala. Mas nunca te detenhas."

Madre Teresa de Calcutá
 
 
P.S.: Homenagem à mais conhecida missionária no mundo; hoje, em que se assinala o 100º aniversário do seu nascimento.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Vamos brincar aos médicos, ou aos doutores, como dizíamos quando éramos crianças. Vamos fingir que eu sou o médico e tu és a paciente. Vamos tratar do teu coração. Sem bisturi, sem pinças, tesoura ou fio de sutura. Vamos tratar do teu coração como se de um músculo não se tratasse. No entanto, o pior vai ser a convalescença. Mas, nessa altura, sabes que tens aqui um ombro amigo.

ARCG

sexta-feira, 18 de junho de 2010

"Não há nada mais triste que uma ausência (...), só fica uma pungente melancolia, esta que faz (...) sentar ao cravo e tocar um pouco, quase nada, apenas passando os dedos pelas teclas como se estivessem olhando um rosto quando já as palavras foram ditas ou são de menos."

José Saramago in Memorial do Convento

...

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
 
 
Sophia de Mello Breyner Andresen

sábado, 12 de junho de 2010

Obrigado


Parti em busca de um lugar novo. Fui à procura da natureza, do céu, do infinito. Fui tentar conhecer-me. No entanto quem encontrei não fui eu, mas tu. Aproximaste-te de mim, como alguém que precisa de atenção, mas o que vieste fazer foi abraçar-me. Olhaste-me nos olhos, como quem busca a subtileza dos meus pensamentos. Sorriste-me. Passaste-me a mão pelo cabelo. Olhaste-me de novo, adivinhando o que eu ia dizer de seguida. E sem que o silêncio se quebrasse, encostas-te os teus lábios ao meu ouvido e sussurras-te "vai ficar tudo bem..."


ARCG

segunda-feira, 3 de maio de 2010

À Beleza

Não tens corpo, nem pátria, nem família,
Nem te curvas ao jugo dos tiranos.
Não tens preço na terra dos humanos,
Nem o tempo te rói.
És a essência dos anos,
O que vem e o que foi.
.
És a carne dos deuses,
O sorriso das pedras,
E a candura do instinto.
És aquele alimento
De quem, farto de pão, anda faminto.
.
És a graça da vida em toda a parte,
Ou em arte,
Ou em simples verdade.
És o cravo vermelho,
Ou a moça no espelho,
Que depois de te ver se persuade.
.
És um verso perfeito
Que traz consigo a força do que diz.
És o jeito
Que tem, antes de mestre, o aprendiz.
.
És a beleza, enfim! És o teu nome!
Um milagre, uma luz, uma harmonia,
Uma linha sem traço…
Mas sem corpo, sem pátria e sem família,
Tudo repousa em paz no teu regaço!
 
   
Miguel Torga

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Uma vez mais...

"Não quero mais ouvir o teu coração murmurar o meu nome, no fim de cada batalha perdida. Não quero mais ser enfermeira no cenário de guerra em que brincas aos vilões, na certeza perpétua de que estarei sempre para te cicatrizar as feridas gotejantes de miséria humana. Não moldes o teu palato para me chamar, corróis-me quando o fazes e já estou despida demais. Não sou actriz, não uso máscaras. A minha maquilhagem nem é tão eloquente quanto desejarias portanto abre as portas desse teatro emparedado em que insistes em camuflar-te e faz uma nova audição. Cola cartazes por esta Lisboa de mil amores; garanto-te que terás praça cheia. A cada esquina esbarras com o exótico, o diferente, e com certeza ele pavonear-se-á no palco do teu corpo com perfumes almiscarados e adereços coloridos. Não sou dançarina nem nunca aspirei a tal, pela imunidade que tenho às regras e aos passos aprendidos.Toca a tua música para outro alguém cantar, deixa que outra musa te soerga pois já gastámos todas as transcendências. Nas minhas (an)danças não há guião e há muito que perdi a memória de elefante de que um dia me gabei. Vivo de improviso, de mala feita, recheada de sonhos e desilusões apagadas. Só as estátuas da praça apreciam o meu cantar e nunca me julgaram as desafinações distraídas, vítimas de um ouvido atento aos sons da vida mais do que a qualquer pauta em que me possas educar. Quero ser apetite noutras vidas por me descobrir insaciada. Nas noites longas não me sentirei mais menina e nos dias escuros não serei mais pintora de paleta melancólica. Os pincéis endureceram pela falta de uso e o tempo escassei para me sentar e viver-te. Desculpa-me, vou ser génio da lâmpada e conceder desejos noutra freguesia. "


Do autor de http://papel-de-seda.blogspot.com/

terça-feira, 6 de abril de 2010

Trilho do Sol

“ (…) Aproxima-te de mim… Aproxima-te de mim!
Faz o que sabes. Faz o que tens de fazer. Faz o que for preciso. Reza um terço. Beija uma pedra. Curva-te para o Oriente. Entoa um cântico. Balança um pêndulo. Testa um músculo. Ou escreve um livro.
Faz o que for preciso.
Cada um de vocês tem a sua própria interpretação. Cada um de vocês Me entendeu – Me Criou – à sua própria maneira.
Para alguns sou um homem. Para alguns sou uma mulher. Para alguns sou ambos. Para alguns não sou uma coisa nem outra. Para alguns de vocês sou energia pura. Para alguns, o sentimento supremo, a que chamam amor. E alguns de vocês não fazem ideia do que Eu sou. Sabem simplesmente que EU SOU.
E assim é.
EU SOU:
Sou o vento que vos roça os cabelos. Sou o sol que vos aquece o corpo. Sou a chuva que vos dança no rosto. Sou o aroma das flores no ar e sou as flores que exalam a sua fragrância. Sou o ar que transporta essa fragrância. Sou o princípio do vosso primeiro pensamento. Sou o fim do último.
Sou a ideia que iluminou o vosso momento mais brilhante. Sou a glória da vossa realização. Sou o sentimento que alimentou a coisa mais amorosa que jamais fizeram. Sou a parte de vós que anseia por esses sentimentos repetidamente.
E para ti, quem sou? ”


Conversas com Deus para Adolescentes, Neale Donald Walsch

terça-feira, 23 de março de 2010

"Um Sorriso no Olhar"

Ergue o teu olhar
O Mundo vai-te abraçar


Abri a caixa do tempo
E relembrei como foi
Esvaziei o pensamento
E num sonho viajei
Corre, salta, dança, voa
Vem andar sobre o luar
Ama, agradece num sorriso
Quem te olha a chorar
Ergue o teu olhar
O Mundo vai-te abraçar


Voa, dança, salta, corre
Vem andar sobre o luar
Num sorriso agradece e ama
Pelo simples gesto de olhar


Ergue o teu olhar
O Mundo vai-te abraçar
 
Grupo Maresia

segunda-feira, 22 de março de 2010

O céu

Era de madrugada. Acordei em sobressalto, acabando de ter um pesadelo onde o teu destino não era o que eu desejava. Levantei-me e calcei aquelas meias que agora estão na moda, aquelas que fizeram para os miúdos não derraparam e que têm o sitio exacto para pôr os dedos, quais luvas em dias frios de Inverno. Também eu encontrei o meu sitio exacto, o local onde colocar o meu pensamento. Também eu olhei lá para fora, como uma criança curiosa, à espera que as estrelas desçam à terra para as conseguir alcançar. Mergulhei nos meus pensamentos, fiz imediatamente um filme que contrariasse aquele pesadelo, até derrapar na minha prórpia imaginação e pereceber que o mundo não é assim tão cor-de-rosa, que as fadas e os castelos não exitem e que a histórias de encantar já passaram à história. Olhei novamente para o céu, na esperança de que esta criança dentro de mim esboçasse o maior sorriso do mundo, mas o que consegui ser foi apenas o ombro amigo de todas aquelas estrelas que naquele momento decidiram contrariar-me e fazer de mim a sua ouvinte. Então sorri, porque o céu quando quer está bem pior que nós!

ARCG

quinta-feira, 18 de março de 2010

...

Chegaste com o teu andar desajeitado de menino que só agora aprendeu a andar. Fixaste um ponto, como se de uma etsrela se tratasse, e deixaste o silêncio pairar. Eu, ao tentar ler-te os pensamentos, andei numa roda imensa de emoções, numa dança sem ritmo definido e imaginei-te num turbilhão de cores e de sons que tornavam cada vez mais minhas as tuas histórias. Até que, quando achaste que as estrelas já não eram suficientes perguntaste:


Tu: "Estás feliz?"
Eu: "Mas eu já era feliz!"
Tu: "Mas hoje estás mais feliz!!"
Eu: "Sim, hoje estou mais feliz!!!"




ARCG

segunda-feira, 1 de março de 2010

Nuno Júdice

"Quero-te, como se fosses
a presa indiferente, a mais obscura
das amantes. Quero o teu rosto
de brancos cansaços, as tuas mãos
que hesitam, cada uma das palavras
que sem querer me deste. (...)"

in Poesia Reunida

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Oscar Wilde

"Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo."

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Antero de Quental

"Pergunta a quem te viu se esquecer pode,
Um só momento a luz dos olhos teus!
Ao mártir, se lhe lembra a sua crença!
Ao crente, se lhe lembra ainda o seu Deus!"

in Poesia Completa

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Apeteceu-me...

Como todas as histórias esta também podia começar com "Era uma vez...". No entanto não é uma história, é algo que me apeteceu escrever. Como tu. Apeteces-me hoje. Ontem, não me lembro e amanhã, não sei. Não sei. É a mesma dúvida que têm os pássaros que, quando são soltos da gaiola pela primeira vez não sabem que direcção tomar. Esquerda, direita, para a frente, para trás... para quê para todas essas direcções que conheço quando há um mundo a descobrir... Sim, um mundo diferente de tudo o que conheço e onde suspeito que, ao chegar, lá estarás. Não num cavalo branco (porque não vale a pena esperar por D.Sebastião morto em Alcácer-Quibir), mas de braços abertos, dispostos a apertar até que o sentimento o permita. Não como num conto de fadas, mas com tudo a que nós, seres perfeitamente humanos, merecemos e esperamos. Apeteces-me! Já disse isto? Não interessa, gosto e voltar a dizer. E voltar a ter a sensação de que tudo não passa de um capricho e que, independentemente da altura, vou percorrer o meu caminho. O meu caminho triunfal até ti.

ARCG

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Da inocência e da perversão (porque eu não faria melhor!)



"Vou pedir-te um favor e não quero que o aceites se não for isso que os teus olhos me peçam. Deita-te a meu lado e desenha comigo um presente, sem futuros nem hipérboles passadas. Fica simplesmente aqui, no calor ufano de um espaço a dois e deixa-me levar o que resta de ti para um canto da alma que, garanto-te, é seguro. Como uma sinfonia desconhecida, apeteces-me. Como um desejo insano, apeteces-me. Apeteces-me pura e cruamente, numa transparência que talvez seja ilusória, talvez não. Estou farta de me sentir domada a regras que não são minhas, a bizarrias que já não proclamo. Vem e respira no meu peito. Encobre-me na nudez do teu corpo moreno e descobre-me as nuances de um cheiro que sabe a amor, a um amor despido de preconceitos ou de limites. Apeteces-me, numa recordação de contradanças das quais só restam o balanço suave do meu querer junto ao teu. Teu, nunca meu, como tu. (...)"
 

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Cavaleiro Andante

Porque sou o cavaleiro andante
Que mora no teu livro de aventuras
Podes vir chorar no meu peito
As mágoas e as desventuras

Sempre que o vento te ralhe
E a chuva de maio te molhe
Sempre que o teu barco encalhe
E a vida passe e não te olhe

Porque sou o cavaleiro andante
Que o teu velho medo inventou
Podes vir chorar no meu peito
Pois sabes sempre onde estou

Sempre que a rádio diga
Que a américa roubou a lua
Ou que um louco te persiga
E te chame nomes na rua

Porque sou o que chega e conta
Mentiras que te fazem feliz
E tu vibras com histórias
De viagens que eu nunca fiz

Podes vir chorar no meu peito
Longe de tudo o que é mau
Que eu vou estar sempre ao teu lado
No meu cavalo de pau

Rui Veloso

domingo, 17 de janeiro de 2010

"Há palavras que nos beijam"

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O'Neill

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Novo Ano

"Ano movo, vida nova!" não é assim que dizem. Pois eu decidi dar uso ao ditado e começar 2010 da melhor maneira. Deixei o pessimismo de lado (sem deixar, claro, de ser realista ao ponto de achar que o mundo é cor-de-rosa) e passei a aproveitar as coisas boas de cada dia.
Sei que todos nós dizemos que a partir de agora é que vai ser, que tudo vai mudar, que vamos deixar os nossos defeitos naufragarem para darem lugar às nossas melhores qualidades. No entanto fazer isto, diariamente, é dificil. Ser politicamente correcto e nós próprios ao mesmo tempo não é tarefa fácil.
Mas no ano em que os todos astrologistas prometem coisas maravilhosas para o meu signo (em todos os domínios!) só peço que me continuem a abençoar com as pessoas que comigo diariamente privam (e com aquelas que não vejo todos os dias, mas que são essenciais a minha existência), para que todas as noites, depois de um "Bom dia!" tão cheio de alegria, eu possa agradecer aos astros a paz, a alegria, a felicidade e a serenidade que essas pessoas me dão.
É que  depois, ao recolher da janela só me resta um "obrigado (meu deus)!" por tudo isto.

Por tudo isto.


ARCG