segunda-feira, 29 de junho de 2009

Um texo que não escrevi, mas que trata aquilo que queria escrever

"Eu não sei largar coisas da mão assim. Assim, como me pediste. É defeito dos grandes, dos graves mas, por mais que reme contra a maré, ela é forte demais. Descubro-me sempre aqui, de remos exaustos e braços dormentes de esforços que não são meus. Ou será que são? Às vezes sinto que só tento por ti, porque um dia me convenceste de que assim estarei melhor. Sabes que mais? Não estou. Porque não sei abrir mão daquilo que tomei como meu. Porque não sei apagar tudo o que ainda dói, como pequenas pedrinhas de alcatrão incrustradas nas feridas que me cobrem o corpo. Íamos numa velocidade estonteante e de repente, sem nada que o fizesse prever, travaste. A fundo. Sem dó nem piedade. E o meu corpo tornou-se o alcatrão quente, guardando com ganas de conquistador um grito, nem sei bem se de revolta ou de medo. Como é que se brinca a isto? Por favor ensina-me.. É um pedido de olhos rasos de água. Vê em mim o cansaço em cada linha do rosto e um esboço de quem só quer ser feliz outra vez. Não em ti, não em nós. Em mim. E, se eventualmente isso significar que em mim estás tu, então volta. Estou cansada de remar sozinha e andar à deriva corta-me os sonhos."

Ana (Autora do blog "Papel de Seda")

sábado, 27 de junho de 2009

...

"Habituamo-nos a tratar os amores como electrodomésticos: quando se escangalham, vamos ao supermercado comprar um novo, igualzinho ao que o outro era. Consertar? Não compensa: o arranjo sai caro, além de que nunca sabe muito bem procurar a peça que falta. Substituímos a eternidade pela repetição, e o mundo começou a tornar-se monótono como uma lição de solfejo. Tememos a maior das vertigens, que é a duração. Mas no fim de cada sucesso há um cemitério como o de Julieta e Romeu, apenas com a diferença da aura, que é afinal tudo.(...)"

"Nas tuas mãos", Inês Pedrosa

sábado, 13 de junho de 2009

A minha realidade

"Vivo entre as memórias e o sonho,
num Mundo pararelo à realidade (...)"

Quando me ponho a pensar sobre a minha vida... opps... é melhor parar. Parar de pensar, porque na viagem que faço, em meros segundos, às minhas memórias tenho a sensação de que algumas coisas poderiam ter sido feitas de outra forma.
Sei que tudo o que vivemos é essencial para aquilo que hoje somos, mas o que somos agora também é feito das pessoas que nos moldam e que, muitas vezes, já não são aquilo que pensamos que foram.
É nesta dualidade, entre as memórias e o sonho, num Mundo paralelo à realidade, que me tento refugiar, quando estas memórias me assaltam, de tal forma que me deixo levar pela ilusão de que o mundo, em determinados momentos e instantes, é mesmo cor-de-rosa.
Sei, também, que a minha realidade consegue ser muito melhor que o sonho de alguém do outro lado do planeta, mas quem é que, por momentos, não pensa primeiro em si... depois, claro, de ter "vivido" muito tempo para os outros...
Eu sou fruto das minhas acções passadas, das pessoas que comigo privaram, e esta é a minha realidade. Agora, se me dão lisença, vou viver na ilusão...
... um bocadinho...
... só um bocadinho...
... até me sentir confortável...
... para descer do meu mundo...
... e voltar à realidade...

ARC

Conversa de metro

Eu: - Como é que queres que abra o pacote das bolachas?
P: - Fogo, és mesmo amiga dela. Se fosse eu, não perguntava, abria de uma maneira qualquer.


É em pequenos gestos, como abrir um pacote de bolachas, que se demonstra e se vê o respeito e a amizade pelas pessoas. Nunca te esqueças disso!