domingo, 28 de dezembro de 2008

Imortais




Por mais que a vida nos agarre assim
Nos troque planos sem sequer pedir
Sem perguntar a que é que tem direito
Sem lhe importar o que nos faz sentir


Eu sei que ainda somos imortais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se o meu caminho for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes


É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu te sei dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer


Por mais que a vida nos agarre assim
Nos dê em troca do que nos roubou
Ás vezes fogo e mar, loucura e chão
Ás vezes só a cinza do que sobrou


Eu sei que ainda somos muito mais
Se nos olhamos tão fundo de frente
Se a minha vida for por onde vais
A encher de luz os meus lugares ausentes


É que eu quero-te tanto
Não saberia não te ter
É que eu quero-te tanto
É sempre mais do que eu sei te dizer
Mil vezes mais do que eu te sei dizer


Mafalda Veiga

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Conversa de autocarro

(...)

- Mas como é que tu sabes isso?

- Não te esqueças que, embora eu não esteja em todo lado, eu sei tudo o que se passa.

(silêncio)

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Eu...

Em todos os dias da nossa vida tentamos tornarmo-nos cada vez mais independentes. Pois eu hoje descobri, que mesmo seguindo esse percurso (rumo à independência), sou e serei (sempre!) dependente das pessoas que mais amo na vida.
Sou exigente em relação a essas pessoas (e desculpem-me se, por vezes, sou chata de mais com algumas coisas, mas vocês são os meus pilares e, por isso, se me "falham" acabo por "ir ao fundo") e, por vezes, também intensa e obecessiva.
Vocês dão-me toda e energia para viver, mas também sofro com esses momentos felizes, quando imagino o futuro sem alguns de vocês. Queria ser adulta e conseguir ultrapassar esta ideia, mas não consigo. Talvez um dia, quando crescer mais um bocadinho.

Para os que já partiram, fica aqui uma saudade ainda não bem digerida.

ARC

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Gato que brincas na rua

"Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu."

Fernando Pessoa

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

...


Obrigada.
Mesmo nos momentos mais difíceis estiveram lá.
Obrigada.
Por terem caido do céu como anjos, mandados por uma força maior, no momento exacto.
Obrigada.
Mas obrigada mesmo!

ARC

P.S.: Ainda dizem que não existem milagres.

domingo, 9 de novembro de 2008

Desafio...

Recebi um desafio interessante:

1. Pegar no livro mais próximo
2. Abri-lo na página 161
3. Procurar a 5ª frase completa
4. Colocar a frase no blog
5. Não vale procurar o melhor livro que têm, usem o mais próximo


"Nada vale a pena, acredita, se não mergulhares nos meus olhos com a doçura aquática da entrega, te perderes neles com o mesmo entusiasmo com que uma criança experimenta um labirinto e sentires a vertigem do abandono de ti mesmo por outra pessoa, dentro dela, como se tu fosses eu e eu fosse tu, percebes o que te quero dizer?"

Margarida Rebelo Pinto, "Artista de Circo"

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Encruzilhadas


"Chego a um ponto de saturação em que se pudesse fugia. Fugia de tudo até encontrar um sitio onde pudesse respirar e conseguir entender quais os actos errados. (...) Demasiada ambição? Crença ilusória em relação às pessoas?

Tudo me escapa por entre os dedos. Aquilo que julguei realizar-me, as pessoas que julguem serem permanentes pilares na minha vida. Tudo se esvai. Nada fica o tempo suficiente para eu o contemplar e dizer que sou feliz.
Como é possivel ter situações passadas mal resolvidas quando sou a primeira a debater-me com a defesa do esclarecimento de desentendimentos? Como é possível não ter direito a sentir sem que tenha de passar por provas, por vezes incontornaveis? (...)

Não entendo o porquê da força de vontade nem sempre valer de nada. Não consigo lidar com a incapacidade do "querer". Sinto saudade de quando me limitava a viver sem ter que me debater com a minha constante dispersão de pensamentos.

(...) Não fará sentido ser convicta aquando de um não voltar a confiar em algo ou alguém.

Não.

Conheço-me.

Continuarei, vezes sem conta, a confiar, a tentar, a gostar, a viver, a voar mais alto do que deveria e provavelmente a cair mais uma vez."


sexta-feira, 17 de outubro de 2008

"Em vez de pedires um beijinho, dá o beijinho e verás que recebes outro em troca."

http://um_pouco_de_mim_.blogs.sapo.pt/

sábado, 11 de outubro de 2008

...

"Tem sempre presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos... Mas o que é importante não muda, a tua força e convicção não têm idade, o teu espírito é como qualquer teia de aranha, atrás de cada linha de chegada, há uma de partida, atrás de cada conquista, vem um novo desafio,enquanto estiveres viva, sente-te viva. Se sentes saudades do que fazias, volta a fazê-lo, não vivas de fotografias amarelecidas... Continua, quando todos esperam que desistas, não deixes que enferruje o ferro que existe em ti. Faz com que em vez de pena, te tenham respeito, quanto não conseguires correr através dos anos, trota, quando não consigas trotar, caminha, quando não consigas caminhar, usa uma bengala. Mas nunca te detenhas!!!"


Madre Teresa de Calcutá

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Olhar a vida

" Tomou nota das moradas, depois apontou o que teria de comprar, um mapa grande da cidade, um cartão grosso do mesmo tamanho onde fixá-lo, uma caixa de alfinetes de cabeça colorida, vermelhos para serem percebidos à distância, que as vidas são como os quadros, precisaremos sempre de olhá-las quatro passos atrás, mesmo se um dia chegámos a tocar-lhes a pele, a sentir-lhes o cheiro, a provar-lhes o gosto. "


José Saramago, "Todos os nomes"

http://papel-de-seda.blogspot.com/

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Tudo Contigo...

"(...) Porque é que tudo tudo,
mas tudo, me acontece,
quando só me apeteçe
seguir o mapa dos teus sinais?

(...)

Porque é que tudo tudo,
mas tudo me acontece,
quando só me apetece
ser um presépio contigo ao lado?

(...)"

João Gil

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

...

"Quero
Nos teus quartos forrados de luar
Onde nenhum dos meus gestos faz barulho
Voltar.
E sentar-me um instante
Na beira da janela contra os astros
E olhando para dentro contemplar-te,
Tu dormindo antes de jamais teres acordado,
Tu como um rio adormecido e doce
Seguindo a voz do vento e a voz do mar
Subindo as escadas que sobem pelo ar."


Sophia de Mello Breyner Andresen

domingo, 14 de setembro de 2008

1 ano!!!


Per7ume* - Intervalo
*participação de Rui Veloso


Hoje é dia de aniversário. O primeiro deste blog, criado apenas para alguns devaneios de quem cá escreve.

Hoje é dia de aniversário. O septuagésimo sétimo de alguém que já partiu, mas que deixou um universo de saudades.

Hoje é dia de dois aniversários! Quando, há um ano atrás, criei este blog, no dia 14 de Setembro, não imaginava que, quase um ano depois, iria descobrir a mesma data escrita na campa do meu avô.

Coincidência? Não. Vontade de Deus.

Hoje é dia de aniversário. Por isso, deixo-vos a melhor música dos últimos tempos como presente.


ARC

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Saudade

Nunca pensei sentir-me assim
Sentir por ti tanta saudade
Um vento que vira tempestade
Que parece não ter fim

Nunca pensei sentir-me assim
Na ausência sentir a falta
Gritar em voz alta
Este amor que sai de mim

E se se instala uma tristeza
Que donde vem eu não sei
Sei que nunca tanto me dei
E disso tenho eu a certeza

Não se iluda quem me lê
Que de mal nada tem o que escrevi
É apenas uma parte do que já senti
Que me diz o quanto eu já gosto de ti



http://jangadadecanela.blogs.sapo.pt/44074.html

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Vou construir um castelo...

" (...) posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço que a vida é a maior empresa do mundo, o que posso evitar que ele vá à falência? ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e periodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vitima dos problemas e se tornar autor da própria história, é atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oasis no reconsilio da sua alma, é agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida, ser feliz é não ter medo dos proprios sentimentos é saber falar de si mesmo, é ter coragem de ouvir um não, é ter segurança para receber uma critica mesmo injusta. Pedras no caminho? guardo-as todas, um dia vou construir um castelo..."

Fernando Pessoa

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

O amor...

... é uma doença (...) quando nele julgamos ver a nossa cura.

Manel Cruz

terça-feira, 2 de setembro de 2008

"(...) Não há nada de vovo sob o Sol, e a eterna repetição das coisas é a eterna repetição dos males. Quanto mais se sabe mais se pena. E o justo como o perverso, nascidos do pó, em pó se tornam. Tudo tende ao pó eférmo(...)"

Eça de Queiróz, "A Cidade e as Serras"

sábado, 9 de agosto de 2008

...

Foi há dois dias. Assim como quem não está à espera, telefonaste-me. A tua voz doce, a cantar-me a música convencionada para os dias de aniversário, seguida de um "parabéns Ana", fez-me sentir a pessoa mais feliz do mundo.

Sim, porque tens esse poder. Ou não fosses tu a minha bebé.

É incrível como um ser tão pequeno, doce, meigo, inocente, mas também já muito perspicaz consegue florescer uma paz interior tão grande.
Adoro-te meu amor. És e serás, sempre, a minha pequenina.

5 anos. A minha vida.


ARC

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

...

Como as estrelas eram mais brilhantes na noite passada. Viste? Eu disse. Disse-te e não acreditas-te.
Não acreditaste, porque pesavas que o que eu dizia não fazia sentido racionalmente. Mas quem te disse a ti que tudo tem que ser racional?!

Já te disse que aquilo que nos move, enquanto seres humanos, o amor, ultrapassa muitas barreiras e vai muito para além desse promonor que é a morte.

O amor eterno existe. E eu sei isso tão bem.


ARC

Quero-te



Quero-te aqui. Agora. Neste sitio onde sei que ja não pode voltar. Mas quero-te.

Quero poder abraçar-te sempre que me apeteçer. Quero mergulhar nos teus olhos. Quero sentir-me protegida. Quero saber que este dia é nosso. Quero voltar atrás. Quero fingir que ainda tudo é perfeito.

Não vás. Espera só mais um pouco.


Quero-te aqui. Aqui onde sei que já não vais voltar.

Quero-te aqui. Vamos passear outra vez.


Quero-te simplesmente.

Fazes-me falta, avô.



ARC

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

A viagem

"(...) porque nossa vida é como uma viagem de comboio, cheia de embarques e desembarques,
de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques
e de tristezas com os desembarques...
Quando nascemos, ao embarcarmos nesse comboio, encontramos duas pessoas que, acreditamos que farão connosco a viagem até o fim: os nossos pais. Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação, eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seu carinho, proteção, amor e afecto.

Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes que virão a ser especiais para nós: nossos irmãos, amigos e amores.
Muitas pessoas tomam esse comboio a passeio. Outras fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no comboio há, também, outras que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar quem precisa.
Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no comboio de tal forma que, quando desocupam os seus assentos, ninguém sequer percebe.
Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso obriga-nos a fazer essa viagem separados deles. Mas isso não nos impede de, com grande dificuldade, atravessarmos o nosso vagão e chegarmos até eles. O difícil é aceitarmos que não nos podemos sentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.
Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques. Sabemos que esse comboio jamais volta.
Façamos essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos, procurando em cada um o que tem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajecto poderão fraquejar, e, provavelmente, precisaremos entender isso. Nós mesmos fraquejamos algumas vezes. E, certamente, alguém nos entenderá.
O grande mistério é que não sabemos em qual parada desceremos.
E fico a pensar: quando eu descer desse comboio sentirei saudades? Sim. Deixar meus filhos viajar sozinhos será muito triste. Separar-me dos amigos que nele fiz, do amor da minha vida, será para mim doloroso.
Mas agarro-me à esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los chegar com sua bagagem, que não tinham quando embarcaram.
E o que me deixará feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que essa bagagem tenha crescido e se tenha tornado valiosa.

Agora, neste momento, o comboio diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem pessoas. A minha expectativa aumenta, à medida que o trem vai diminuindo sua velocidade...
Quem entrará? Quem sairá? Eu gostaria que você pensasse no desembarque do comboio, não só como a representação da morte, mas, também, como o término de uma história, de algo que duas ou mais pessoas construíram e que, por um motivo ínfimo, deixaram desmoronar.
Fico feliz em perceber que certas pessoas como nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar. Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o melhor de "todos os passageiros".
Agradeço muito por você fazer parte da minha viagem, e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado, com certeza, o vagão é o mesmo."

Autor Desconhecido

domingo, 20 de julho de 2008

Moral

Olavo foi transferido de projeto, logo no primeiro dia, para fazer média com o novo chefe, saiu-se com esta:
- Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito do Silva. Disseram que ele...
Nem chegou a terminar a frase, Juliano, o chefe, apartou:
- Espere um pouco, Olavo. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
- Peneiras? Que peneiras, chefe?
- A primeira, Olavo, é a da VERDADE. Você tem certeza deque esse fato é absolutamente verdadeiro?
- Não. Não tenho, não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram. Mas eu acho que...
E, novamente, Olavo é interrompido pelo chefe:
- Então sua historia já vazou a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira que é a da BONDADE. O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito?
- Claro que não! Deus me livre, chefe - diz Olavo, assustado.
- Então, - continua o chefe - sua historia vazou asegunda peneira.
- Vamos ver a terceira peneira, que é a da NECESSIDADE. Você acha mesmo necessário me contar esse fato ou mesmo passa-lo adiante?
- Não, chefe. Passando pelo crivo dessas peneiras, vi que não sobrou nada do que eu iria contar - fala Olavo, surpreendido.
- Pois é, Olavo, já pensou como as pessoas seriam mais felizes se todos usassem essas peneiras? diz o chefe econtinua: - Da próxima vez em que surgir um boato por aí, submeta-o ao crivo destas três peneiras: VERDADE - BONDADE - NECESSIDADE, antes de obedecer ao impulso depassa-lo adiante, porque:

PESSOAS INTELIGENTES FALAM SOBRE IDEIAS,
PESSOAS COMUNS FALAM SOBRE COISAS,
PESSOAS MEDÍOCRES FALAM SOBRE PESSOAS.


http://www.magiadasmensagens.com.br/

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Se...

"Depois de as coisas acontecerem, é quase irresistível reflectir sobre o que teria sido a vida se se tem feito diferente."

Miguel Sousa Tavares em Equador

segunda-feira, 7 de julho de 2008

...

E se numa ocasião qualquer alguém te dissesse que não tinha o que muito desejava, não porque não pudesse, mas porque não quis. Confuso não? Foi o que eu pensei.
Quando se deseja muito uma coisa luta-se por isso. O querer e o alcançar algo estão sempre ligados ao que, depois, chamamos felicidade. Diria eu até perceber esta excepção.
Na verdade este sentimento que parece ser contraditório até tem alguma lógica, se é isso que lhe podemos chamar.
A razão e o coração são a chave para a solução. Se por um lado para algumas pessoas a racionalidade tem que estar a par com a irracionalidade, por outro outras pessoas só conseguem viver guiadas pelo órgão que faz a fronteira entre a vida e a morte.
Mas ainda há, embora em grade maioria, quem pense milimetricamente em tudo o que faz. A racionalidade em demasia não deixa as pessoas viverem livremente e faz com que não aproveitem alguns momentos bons da vida. Porém, quem segue sempre o coração, cai repetidas vezes nos mesmos buracos.
Por isso, adopto a postura do meio-termo. O equilíbrio entre a mente e o coração.
No entanto, em resposta à afirmação inicial, aquilo que posso dizer é que há uns dias percebi, plenamente, o que aquela pessoa me quis dizer. Há muito que ela já tinha desistido de sentir o amor. Agora ela pensava-o. Ultrapassara aquela fase, que ela definia como estúpida, a que chamam paixão. Hoje, ela amava a pessoa com quem estava. Amava com a cabeça. Amava, sem sentir necessidade "das loucuras estúpidas dos adolescentes", como ela costumava dizer. Hoje, era feliz, porque conseguia sentir (com o coração) aquele amor e, ao mesmo tempo, pensar em todas as suas acções relativamente àquela relação. E, acima de tudo, não aceitava que lhe chamasse louca ou hipócrita só por achar o amor 50% racional. Esta era a sua definição de amor. Por isso, aconselhava sempre a que antes de decidirem iniciar uma relação com alguém, que esquecessem o título do livro da Susanna Tamaro "Vai aonde te leva o coração"e pensassem primeiro. Pois há amores que o coração quer, mas que a cabeça não deve deixar, já que, muitas vezes, já se sabe como vão acabar.

Finalmente, hoje entendo-te!

ARC


Nota: não é auto-biográfico

domingo, 1 de junho de 2008

Diz a verdade...




Se te perguntarem por nós, sobre
que coisa fazemos quando estamos
juntos, diz a verdade

Que deslocamos os cometas sem
querer, as estrelas para desenhos e
a lua garantindo o amor

Diz a verdade sobre a intervenção
na cósmica escolha dos casais,
a obrigação de nos obedecer

Não fosse o universo desentender quem
somos e favorecer a separação ou,
pior, o não nos havermos conhecido

Paulo Praça

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Felicidade

" Uma vez que desejamos sempre qualquer coisa, obtê-la não consegue satisfazer-nos. Haverá quem afirme que a felicidade não reside em atingir os nossos objectivos, e sim em lutar por eles. (...) Portanto, nunca podemos ser felizes, excepto por breves instantes, até que chegue o desejo seguinte. A felicidade é inteiramente (...) inatingível. É um mito."

Lucy Eyre, O Dia em que Sócrates Vestiu Jeans

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Lágrimas Ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


Florbela Espanca

quinta-feira, 1 de maio de 2008

9 anos

Hoje, dia 1 de Maio, é o nono aniversário da tua partida.

Hoje, todas lágrimas são de saudade. Do que passámos juntos e do que poderíamos ter passado. Não são de dor nem de tristeza. Essa fase já passou. Todos morremos um dia, é um facto inegável.
Hoje, tudo o que me vem à cabeça são os nossos momentos.

Hoje, tudo o que desejo é que, onde quer que estejas, me ajudes a afastar o meu maior medo: deixar morrer a tua memória.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Verdadeiro Amor

Passaste estes últimos dias à espera dele, sem saberes se voltava (ontem, hoje ou amanhã). Sentias a falta dos beijos, dos abraços, dos mimos... Lembravas-te, ainda que com alguma dificuldade, daquelas características já me disseram que se esquecem com o tempo: a voz, os traços do rosto, a maneira de andar, a expressão no olhar e tantas outras coisas que, a medo, não querias enunciar.
Passou muito tempo minha amiga. Imaginavas, a todo o momento, como regressaria lá daquele país. Tinhas receio que lhe tivessem levado a alma. Mas tinhas a certeza que o saberias assim que o olhasses nos olhos, pois acreditas e repetes, convictamente, que "os olhos são o espelho da alma".
Enquanto ele não se mete no avião e volta para casa, para os teus braços, vais-te mantendo em contacto, de modo a não perder a chama desse amor, que acreditas ser verdadeiro.
E eu também acredito. Acredito mesmo. Acredito que esse amor é daqueles capazes de mover montanhas. E sabes porquê? Porque às vezes, quando fechas os olhos, imagina-lo e descreve-lo na perfeição, deixas-te levar pelos sentidos e consegues sentir tudo aquilo de que sentes falta quando a distância é uma barreira. E ele afinal está ali.
E quando pegas no telemóvel: “Estou meu amor? É só para dizer que te amo e que não paro de pensar em ti!”. E do outro lado, a muitos quilómetros de distância, um coração anima-se e o mundo assiste ao nascer do maior sorriso do mundo… "Também te amo muito meu amor”.

O amor verdadeiro tem este poder: aproximar dois seres no coração.



ARC

É assim

Olhaste-me. Fizeste-me uma série de perguntas às quais não me apetecia nada responder.
Será que não entendes que é preciso confiar? Dar espaço aos outros para que eles respirem, sem terem que estar sempre a dar satisfações, é importante.
Eu não cobro nada a ninguém. O que me dizem eu tomo como verdade. Se calhar não devia, mas sou assim e, por isso, não concebo que me façam o contrário. Não exijo mais do que aquilo que dou.
Confio cegamente, se calhar às vezes até demais, mas não tenho necessidade de fazer dos outros meus prisioneiros.

Para isso não contem comigo.


Não contem mesmo!


ARC

Para ti, novamente!

Como através de uma conversa de circunstância se pode mudar os tempos verbais daquilo que dizemos e, consequentemente, daquilo que temos como verdade.
Dei por mim, que penso duas vezes antes de construir uma frase, a trocar todo um tempo verbal de uma conversa. Ao que correspondia o passado, atribui o presente. Talvez por a conversa ter sido baseada em ti.
Acredito que o nosso inconsciente nos pode iluminar. E por isso continuo a dizer que ainda aqui estás, mesmo que seja apenas no meu coração.
Insistem em dizer-me que morreste e que quem está enterrado jamais sabe o que são os sentimentos.
Eu insisto em dizer que o amor verdadeiro pode ser eterno, mesmo à distância.

À distância da terra e do céu!


ARC

terça-feira, 18 de março de 2008

...


sexta-feira, 14 de março de 2008

Artista de circo

"A vida são portas condenadas.
Portas que passamos, pensando que, ao as abrirmos, vamos descobrindo o mundo e arrumando o caos interno, mas afinal percebemos que à medida que os anos passam, elas se vão fechando uma a uma, nas nossas costas ou na nossa cara, batendo com uma veemência esmagadora e a perguntar em surdina porquê.
A vida são portas condenadas, primeiro fecha-se a porta da infância (...) a partir daí a vida estreita-se num arame cada vez mais fino e ténue e é então que vamos percebendo que viver não é mais do que um precário equilíbrio, uma travessia solitária pelo arame traiçoeiro que nos há-de levar a um lado qualquer que é sempre do outro lado, onde está tudo aquilo que nos convencem que queremos ou que simplesmente escolhemos como objectivo para alcançar uma coisa qualquer a que gostamos de chamar tanquilidade.
Deve ser por isso que sempre quis ser artista de circo, a travessia diária do arame dá-me medo e vertigem, o medo paralisa-me mas a vertigem chama-me a lá vou eu, um pé à frente do outro, a vara com a razão numa ponta e o coração noutra a atravessar a vida, sempre à espera que uma corrente de ar entre um e outro lado da tenda me façam parar para pensar. (...) imagino que sou uma trapezista (...) e que cruzo o tecto do mundo em acrobacias da mais fina elegância, lançando-me no espaço com a mesma inconsciência com que corria no fio do muro do colégio ou empilhava cadeiras e mesas todas umas por cima das outras no ginásio deserto até sentir que via o mundo de cima, pequeno e distante.
As minhas pernas são musculadas, seguram-me na barra suspensa e dão o balanço certo antes do voo (...) preparando o momento exacto para executar o salto perfeito sem nunca olhar para baixo, porque a vida nunca me diz se tenho ou não rede para cair. E no instante perfeito em que te vejo do outro lado das alturas (...) fecho os olhos e salto pelo ar, atravesso o tecto da tenda, lá em baixo as avós rezam e as crianças abrem a boca de espanto, e nunca sei se me agarras no último instante possível e me convences que afinal a vida não são só portas condenadas que o tempo também serve para abrir, ou se me deixas cair devagar, como fazemos com aqueles que amamos com medo de não ter nada para lhes dar."

Margarida Rebelo Pinto em "Artista de Circo"

sexta-feira, 7 de março de 2008

8 de Março - Dia Internacional da Mulher




Ser mulher é ser lutadora, conquistadora, mesmo quando o mundo inteiro parece estar contra nós.
Ser mulher é ser ambiciosa, é querer sempre mais.
Ser mulher é ser maternal, é proteger, acima de tudo e de todos, aqueles que amamos, independentemente de acharmos que fizeram a pior coisa do mundo.
Ser mulher é ser meiga, carinhosa e esperar o mesmo dos outros.
Ser mulher é ser optimista e ter esperança de um mundo melhor.
Ser mulher é querer respeito, não igualdade entre homens e mulheres.
Ser mulher é ser apaixonada, sensível, impulsiva e emocional.
Ser mulher é ir aprendendo com os erros que cometemos.

Ser mulher é, acima de tudo, ser mulher.
Porque o que não nos mata, torna-nos mais fortes.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ainda não foi hoje

"Ainda não foi hoje que nos encontrámos.

Mais um dia sem tropeçar desajeitada e acidentalmente em ti ao virar da esquina. Também não foi hoje que as nossas mãos se tocaram inesperadamente ao tocar num botão qualquer para chamar o elevador ou fazer o semáforo passar a verde. Os nossos olhares não se cruzaram no meio da multidão, nem tão pouco os nossos números de telefone se misturaram por um engano qualquer. Não te insultei no meio do trânsito para te apaixonares pelo meu mau feitio, nem me sentei a teu lado no autocarro para te sentires agradavelmente incomodado. Não jantámos sozinhos no mesmo restaurante, não chorámos as nossas mágoas na mesma praia, nem a paisagem das nossas janelas é sequer parecida.
Continuamos solitários e imperfeitos, no isolamento dos nossos pensamentos, desejando o entrelaçar de nós.

Continuamos a vaguear por aí..."



sábado, 16 de fevereiro de 2008

...

Perdoa, Senhor, o nosso dia
A ausência de gestos corajosos
A fraqueza dos actos consentidos
A vida nos momentos mal amados.

Perdoa o espaço que Te não demos
Perdoa porque não nos libertámos
Perdoa as correntes que pusemos
Em Ti, Senhor, porque não ousámos.

Contudo, faz-nos sentir
Perdoar é esqueçer a antiga guerra
E partindo recomeçar de novo
Como o sol que sempre beija a terra.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O amar e o amor...

"O amar e o amor de quando em vez desencontrados, normalmente desencontrados. Dois mundos que se não tocam. Por cada amor há alguém que ama e alguém amado, à vez. O amar e o amor. Puxar uma corda sem que alguém resista no outro extremo. Amar é perder a vez de ser amada. Mas quando sou e se porventura sou então descanso e aproveito. O amar e o amor, dois mundos que se não tocam. Quem me quer amante e eu que me quero sempre amada (não queremos todos?). Saber-te amante e ao mesmo tempo amar-te com todo o amor que consiga. Amares-me também até doer. Amar-te e por isso desejar que vás primeiro para que não sintas a minha falta, ou antes desejar ser eu a ir primeiro porque eu me sei incapaz de aqui ficar sem ti, de viver sem ti. Dois mundos que se não tocam. O amor e amar, amar e não apenas ser amável, dois mundos."

Sofia Vieira:
http://umamoratrevido.blogspot.com

sábado, 2 de fevereiro de 2008

...


Há pessoas que me fazem falta! Fazem mesmo muita falta!

domingo, 27 de janeiro de 2008

É mal do coração

Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão,
É mal do coração
E com ele se endoidece.

O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.
Madeixa que se desata
Denominam-no também.

O amor não é um bem:
Quem ama sempre padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvanece.

Mário de Sá Carneiro

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O que a vida nos ensina...

As vezes só precisamos é de tempo…

Tempo para pensar…
Tempo para decidir…
Tempo para escolher…
Tempo para aprender…
Com esse tempo aprendemos…

Aprendemos a diferença entre dar a mão e tocar a alma.
A diferença entre um cumprimento e um abraço.
A diferença entre companhia e segurança.
A diferença entre um beijo e um carinho.
A diferença entre um colega e um amigo.
Aprendemos que as coisas demoram anos a construir e segundos a destruírem-se.
Aprendemos que não deixamos de gostar porque sofremos.
Aprendemos que quanto mais queremos esquecer, mais nos lembramos.
Aprendemos que a distância só nos coloca mais perto.
Aprendemos que as pessoas que gostamos nos magoam.
Aprendemos que o perdão é divino.
Aprendemos que divino é um amigo.
Aprendemos a alegria da vida.
Aprendemos a sufocar o choro.
Aprendemos que quem mais amamos é levado para longe…

Por isso devemos sempre despedir-nos ternamente de quem gostamos,
Porque a vida ensina-nos que amanha já podemos não estar cá…


http://www.espiritodalua.blogspot.com/

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Aconteceu...




O que foi que aconteceu

Aconteceu
Eu não estava à tua espera
E tu não me procuravas
Nem sabias quem eu era
Eu estava ali só porque tinha que estar
E tu chegaste porque tinhas que chegar

Olhei para ti
O mundo inteiro parou
Nesse instante a minha vida
A minha vida mudou

Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos?
O que foi que aconteceu?
Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos, meu amor?
O que foi que aconteceu?

Aconteceu
Chama-lhe sorte ou azar
Eu não estava à tua espera
E tu voltaste a passar
Nunca senti bater o meu coração
Como senti ao sentir a tua mão

Na tua boca o tempo voltou atrás
E se fui louca
Essa loucura
Essa loucura foi paz

Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos?
O que foi que aconteceu?
Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos, meu amor?
O que foi que aconteceu


Intérprete: Ana Moura
Letra: Tozé Brito

domingo, 13 de janeiro de 2008

...

"(...) As bengalas são sempre um apoio e as melhores são aquelas que exclusivamente elegemos para tal. As piores são estas em que transformamos as pessoas que já amámos e que não sabemos como mandar embora. O vazio é como a idade. Vai sempre aumentando e ficando mais pesado, mais difícil de ignorar. E é o hábito, primeiro inimigo do amor vivo, que nos faz cair na armadilha enganadora e traiçoeira de deixar passar o tempo, esquecer as discussões, atirar para trás das costas o que não conseguimos encarar de frente, adimitir factos e palavras que ferem a nossa dignidade e nos fazem ser menos gente."

Margarida Rebelo Pinto em "Sei Lá"

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Corações...


"Há corações duros. Daqueles que não podemos penetrar nem com uma picareta. Daqueles que nunca conseguimos ver por dentro. Daqueles que nunca largam um estímulo positivo. Daqueles que batem sempre da mesma forma, que nunca correm mais acelerados, e que também nunca abrandam o seu ritmo monocórdico. Depois há os corações moles. Daqueles que se derretem facilmente, que podem ser facilmente pisados por outros corações, talvez duros. Corações moles de quem toda a gente gosta, mesmo que nem sempre se saiba porquê. Depois há os corações generosos. Aqueles que não se importam de bombardear o seu sangue para os restantes órgãos. Daqueles para quem partilhar é a sua mais importante função. Daqueles que respeitam o outro e percebem que só têm um papel central na Vida porque entendem a necessidade de respeitar o Outro. Depois há os corações egoístas. Que admiram a sua cor vermelha e que não conhecem o verde do fígado ou o cor-de-rosa das amígdalas. Que não conhecem o arco-íris e que vivem afundados na sua própria textura, sem conhecer tudo o que, à volta dele, dá cor ao corpo. Depois há os soridentes, os emotivos e os apaixonados. Os tristonhos, os indiferentes, os orgulhosos e os tímidos. Há os simples, os complicados e os indecisos. Os decididos, os honestos e os mentirosos. Os fáceis, os complexos e os belos. Os inteligentes e os estúpidos. E depois vem AQUELE. Por quem o nosso bate.

Texto rudimentar, sem parágrafos e todo de enfiada. Porque, na vida, há apenas corações."


quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O medo

O medo é o mais ignorante, o mais injusto e o mais cruel dos conselheiros.

Eduardo Burke

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Só nós dois...

Só nós dois é que sabemos
O quanto nos queremos bem
Só nós dois é que sabemos
Só nós dois e mais ninguém
Só nós dois avaliamos
Este amor, forte, profundo...
Quando o amor acontece

Não pede licença ao mundo

Anda, abraça-me... beija-me
Encosta o teu peito ao meu
Esqueça o que vai na rua
Vem ser meu, eu serei tua
Que falem não nos interessa
O mundo não nos importa
O nosso mundo começa
Ca; dentro da nossa porta.

Só nós dois é que sabemos
O calor dos nossos beijos
Só nós dois é que sofremos
As torturas dos desejos
Vamos viver o presente
Tal-qual a vida nos dá
O que reserva o futuro
Só Deus sabe o que será.

Joaquim Pimentel

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Agora faz sentido...

"... deixa-me que te dê um conselho: nunca saias de uma relação para outra. Normalmente não dá bons resultados. Tens de fazer o luto do sentimento, percebes bem o que é que correu mal, o que queres e o que é que não queres que voltar a viver. Só assim se pode atrair algo muito diferente e para melhor!"

Fátima Lopes em "Um Pequeno Grande Amor"

domingo, 6 de janeiro de 2008

Infelizmente é assim!

Há uns dias atrás, aquando da Grande Entrevista de Judite de Sousa a Carlos do Carmo, apercebi-me de uma grande “falha” dos jovens desta geração, à qual pertenço. Posteriormente à entrevista pus-me a pensar nesta minha geração, e percebi que não é, de todo, a geração com a qual me identifico. Os sinais saltam a vista: a cultura musical, a escrita e os hábitos de leitura dos jovens de hoje é algo que deveria preocupar toda uma sociedade.



Fado de Carlos do Carmo
Letra de José Carlos Ary dos Santos
Interpretação de Paulo de Carvalho


Começando pelo que me fez despertar a atenção: as palavras de Carlos do Carmo em relação ao conhecimento, por parte dos portugueses, do que é o fado. Segundo o mesmo: “O fado é uma canção que tem, basicamente, um defeito: os portugueses sabem muito pouco dela. Se você falar com 100 pessoas, vai constatar que 98 lhe vão dizer que, uns gostam, outros assim assim, outros não. Mas sobretudo o que lhe vão dizer é: mas percebo muito pouco, não sei quase nada. Ora isto faz pouco sentido, porque estamos a falar de uma canção de uma gente (…) que tem no mínimo século e meio de existência. Saber disso não é nada do outro mundo.”.
Na realidade, a maioria dos jovens não sabe o que é o fado.
Basta perguntar a um jovem que passe na rua um nome de um fadista ou um nome de um fado, que nos apercebemos do estado de cultura do povo português. Para muitos esta questão pode não ser relevante. Para mim é. Termos nacionalidade portuguesa e não sabermos o que é o fado, arte pertencente à nossa cultura é, para mim, vergonhoso.
Ainda segundo Carlos do Carmo: “Não me sinto decadente (…) sinto, por vezes, algum cansaço. Cansaço esse que não tem a ver com o meu público (…) é esta nossa falta de cuidado com a arte. Nós não temos possibilidade de nos emanciparmos sem isso. Não venham com conversas só de avanços tecnológicos (…) Avancem com a essência das pessoas: ponham as crianças ligadas à arte (…) serão crianças que irão ficar muito mais preparadas para a vida. Enquanto não o fizerem, enquanto isto tudo for estranho e falarmos com uma pessoa e dissermos assim: “Olhe vou cantar agora o fado Pêro Rodrigues” e nos responderem: “O que é isso, desculpe lá que eu não sei” (…) Um português dizer que não conhece é grave. É uma coisa que não me causa algum, causa-me muito desconforto.”.

O modo de escrever dos dias de hoje é algo estranho. Embora também já tenha sido “adepta” dessa “forma” de escrever, compreendi que não trás muitas vantagens para cada um de nós. Uma coisa é abreviar as palavras, outra é inventar uma nova “forma” de escrever com “x’s” e “k’s”. É que passado algum tempo, quando queremos escrever bem, já não conseguimos. Não cheguei a esse ponto, mas ouvi, aqui há algum tempo, uma professora a comentar que os alunos já não sabem como escrever certas palavras: «… por exemplo a palavra chegar: já não sabiam se se escrevia com “x” (como escrevem em sms’s e no mns) ou se era com “ch”».

Em relação aos hábitos de leitura, sei que é pessoal, embora ache que se a palavra “ler” tivesse estado mais presente na infância de alguns jovens, hoje seria algo mais comum. Ficaram-me na memória as palavras de um colega meu quando viu a quantidade de livros que tenho em casa: “Tu lês? Pensava que era o único”. Infelizmente não é um hábito comum nos dias que correm, o que está a fazer com que as pessoas, cada vez mais, se sintam incapazes de imaginar. Só com um livro se desenvolve essa capacidade, pois em todas as outras actividades (cinema, televisão, …) já está tudo “feito”: é assim.


Só em jeito de conclusão, e para os que se identificam com este texto deixo-vos aqui aquilo que, pelo menos, deveriam saber: a palavra fado vem do latim fatum, ou seja, "destino"; existem três tipos de fado: o menor, o mouraria e o corrido.

Posso não vos ter cativado, ainda assim façam uma pequena pesquisa (na wikipédia) e encontraram, de certeza, coisas que não sabiam.

E já agora, preservem o que de melhor há em Portugal (o que é nosso). Se não formos nós, jovens, a fazê-lo daqui a uns anos não restará nada, o que é uma pena!

sábado, 5 de janeiro de 2008

Bem diferente...

"Dizemos que morremos quando queremos, esta teoria deixava-me fora de mim quando eu era viva - eu nunca quis morrer, os meus pais nunca quiseram morrer, nem a rapariga que neste instante pára o automóvel sobre a Ponte 25 de Abril e se atira para o cimento negro do rio quer morrer - quer apenas parar de viver, não é a mesma coisa.

(...)

- Todos estamos a morrer - dizias tu. Mas as crianças morrem mais devagar, abandonadas pelas fadas e pelos príncipes valentes, no negrume de uma floresta enlouquecida."

Inês Pedrosa, em «Fazes-me Falta»

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Quando não queremos ver...

"Tu sabes que não é verdade que nada mude. O mundo não recua de todas as vezes que avança, a caminho de uma ordem caótica imutável. Há uma diferença numa morte a menos. Baixa a televisão - ao teu lado há uma criança de dois anos que grita por socorro, ainda antes de saber pedir socorrro. E eu não posso fazer nada - eu não sou nada. Mas tu podes, filho da mãe. Levanta-te desse cadeirão, desliga a televisão, por favor, e vai lá. Faz isso por mim.
(...) O choro da menina já quase não se ouve, e tu não sabes de nada. Ninguém sabe de nada e a menina está a morrer. Mas morre devagar. Repete que quer ir para a avó(...)
Levanta-te cabrão. Baixa o som dessa cuspideira de imagens que te impedem de ver e ouvir. Salva a menina que quer ir para a avó onde moram a Branca de Neve e os Sete Anões. Salva-a do monstro que lhe deu vida e que amanhã de manhã vai ao hospital tentar convencer os médicos de que a menina caiu, durante a noite.

(...)


A diferença entre a vida e a morte pode ser uma televisão acesa, com o som demasiado alto, para tapar outra morte. Se eu não tivesse morrido, tu não subirias tanto o som da televisão. E terias ouvido os gritos da criança, que não teria morrido."

Inês Pedrosa, em «Fazes-me Falta»