domingo, 27 de janeiro de 2008

É mal do coração

Amor é chama que mata,
Dizem todos com razão,
É mal do coração
E com ele se endoidece.

O amor é um sorriso
Sorriso que desfalece.
Madeixa que se desata
Denominam-no também.

O amor não é um bem:
Quem ama sempre padece.
O amor é um perfume
Perfume que se esvanece.

Mário de Sá Carneiro

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

O que a vida nos ensina...

As vezes só precisamos é de tempo…

Tempo para pensar…
Tempo para decidir…
Tempo para escolher…
Tempo para aprender…
Com esse tempo aprendemos…

Aprendemos a diferença entre dar a mão e tocar a alma.
A diferença entre um cumprimento e um abraço.
A diferença entre companhia e segurança.
A diferença entre um beijo e um carinho.
A diferença entre um colega e um amigo.
Aprendemos que as coisas demoram anos a construir e segundos a destruírem-se.
Aprendemos que não deixamos de gostar porque sofremos.
Aprendemos que quanto mais queremos esquecer, mais nos lembramos.
Aprendemos que a distância só nos coloca mais perto.
Aprendemos que as pessoas que gostamos nos magoam.
Aprendemos que o perdão é divino.
Aprendemos que divino é um amigo.
Aprendemos a alegria da vida.
Aprendemos a sufocar o choro.
Aprendemos que quem mais amamos é levado para longe…

Por isso devemos sempre despedir-nos ternamente de quem gostamos,
Porque a vida ensina-nos que amanha já podemos não estar cá…


http://www.espiritodalua.blogspot.com/

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Aconteceu...




O que foi que aconteceu

Aconteceu
Eu não estava à tua espera
E tu não me procuravas
Nem sabias quem eu era
Eu estava ali só porque tinha que estar
E tu chegaste porque tinhas que chegar

Olhei para ti
O mundo inteiro parou
Nesse instante a minha vida
A minha vida mudou

Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos?
O que foi que aconteceu?
Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos, meu amor?
O que foi que aconteceu?

Aconteceu
Chama-lhe sorte ou azar
Eu não estava à tua espera
E tu voltaste a passar
Nunca senti bater o meu coração
Como senti ao sentir a tua mão

Na tua boca o tempo voltou atrás
E se fui louca
Essa loucura
Essa loucura foi paz

Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos?
O que foi que aconteceu?
Tudo era para ser eterno
E tu para sempre meu
Onde foi que nos perdemos, meu amor?
O que foi que aconteceu


Intérprete: Ana Moura
Letra: Tozé Brito

domingo, 13 de janeiro de 2008

...

"(...) As bengalas são sempre um apoio e as melhores são aquelas que exclusivamente elegemos para tal. As piores são estas em que transformamos as pessoas que já amámos e que não sabemos como mandar embora. O vazio é como a idade. Vai sempre aumentando e ficando mais pesado, mais difícil de ignorar. E é o hábito, primeiro inimigo do amor vivo, que nos faz cair na armadilha enganadora e traiçoeira de deixar passar o tempo, esquecer as discussões, atirar para trás das costas o que não conseguimos encarar de frente, adimitir factos e palavras que ferem a nossa dignidade e nos fazem ser menos gente."

Margarida Rebelo Pinto em "Sei Lá"

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Corações...


"Há corações duros. Daqueles que não podemos penetrar nem com uma picareta. Daqueles que nunca conseguimos ver por dentro. Daqueles que nunca largam um estímulo positivo. Daqueles que batem sempre da mesma forma, que nunca correm mais acelerados, e que também nunca abrandam o seu ritmo monocórdico. Depois há os corações moles. Daqueles que se derretem facilmente, que podem ser facilmente pisados por outros corações, talvez duros. Corações moles de quem toda a gente gosta, mesmo que nem sempre se saiba porquê. Depois há os corações generosos. Aqueles que não se importam de bombardear o seu sangue para os restantes órgãos. Daqueles para quem partilhar é a sua mais importante função. Daqueles que respeitam o outro e percebem que só têm um papel central na Vida porque entendem a necessidade de respeitar o Outro. Depois há os corações egoístas. Que admiram a sua cor vermelha e que não conhecem o verde do fígado ou o cor-de-rosa das amígdalas. Que não conhecem o arco-íris e que vivem afundados na sua própria textura, sem conhecer tudo o que, à volta dele, dá cor ao corpo. Depois há os soridentes, os emotivos e os apaixonados. Os tristonhos, os indiferentes, os orgulhosos e os tímidos. Há os simples, os complicados e os indecisos. Os decididos, os honestos e os mentirosos. Os fáceis, os complexos e os belos. Os inteligentes e os estúpidos. E depois vem AQUELE. Por quem o nosso bate.

Texto rudimentar, sem parágrafos e todo de enfiada. Porque, na vida, há apenas corações."


quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O medo

O medo é o mais ignorante, o mais injusto e o mais cruel dos conselheiros.

Eduardo Burke

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Só nós dois...

Só nós dois é que sabemos
O quanto nos queremos bem
Só nós dois é que sabemos
Só nós dois e mais ninguém
Só nós dois avaliamos
Este amor, forte, profundo...
Quando o amor acontece

Não pede licença ao mundo

Anda, abraça-me... beija-me
Encosta o teu peito ao meu
Esqueça o que vai na rua
Vem ser meu, eu serei tua
Que falem não nos interessa
O mundo não nos importa
O nosso mundo começa
Ca; dentro da nossa porta.

Só nós dois é que sabemos
O calor dos nossos beijos
Só nós dois é que sofremos
As torturas dos desejos
Vamos viver o presente
Tal-qual a vida nos dá
O que reserva o futuro
Só Deus sabe o que será.

Joaquim Pimentel

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Agora faz sentido...

"... deixa-me que te dê um conselho: nunca saias de uma relação para outra. Normalmente não dá bons resultados. Tens de fazer o luto do sentimento, percebes bem o que é que correu mal, o que queres e o que é que não queres que voltar a viver. Só assim se pode atrair algo muito diferente e para melhor!"

Fátima Lopes em "Um Pequeno Grande Amor"

domingo, 6 de janeiro de 2008

Infelizmente é assim!

Há uns dias atrás, aquando da Grande Entrevista de Judite de Sousa a Carlos do Carmo, apercebi-me de uma grande “falha” dos jovens desta geração, à qual pertenço. Posteriormente à entrevista pus-me a pensar nesta minha geração, e percebi que não é, de todo, a geração com a qual me identifico. Os sinais saltam a vista: a cultura musical, a escrita e os hábitos de leitura dos jovens de hoje é algo que deveria preocupar toda uma sociedade.



Fado de Carlos do Carmo
Letra de José Carlos Ary dos Santos
Interpretação de Paulo de Carvalho


Começando pelo que me fez despertar a atenção: as palavras de Carlos do Carmo em relação ao conhecimento, por parte dos portugueses, do que é o fado. Segundo o mesmo: “O fado é uma canção que tem, basicamente, um defeito: os portugueses sabem muito pouco dela. Se você falar com 100 pessoas, vai constatar que 98 lhe vão dizer que, uns gostam, outros assim assim, outros não. Mas sobretudo o que lhe vão dizer é: mas percebo muito pouco, não sei quase nada. Ora isto faz pouco sentido, porque estamos a falar de uma canção de uma gente (…) que tem no mínimo século e meio de existência. Saber disso não é nada do outro mundo.”.
Na realidade, a maioria dos jovens não sabe o que é o fado.
Basta perguntar a um jovem que passe na rua um nome de um fadista ou um nome de um fado, que nos apercebemos do estado de cultura do povo português. Para muitos esta questão pode não ser relevante. Para mim é. Termos nacionalidade portuguesa e não sabermos o que é o fado, arte pertencente à nossa cultura é, para mim, vergonhoso.
Ainda segundo Carlos do Carmo: “Não me sinto decadente (…) sinto, por vezes, algum cansaço. Cansaço esse que não tem a ver com o meu público (…) é esta nossa falta de cuidado com a arte. Nós não temos possibilidade de nos emanciparmos sem isso. Não venham com conversas só de avanços tecnológicos (…) Avancem com a essência das pessoas: ponham as crianças ligadas à arte (…) serão crianças que irão ficar muito mais preparadas para a vida. Enquanto não o fizerem, enquanto isto tudo for estranho e falarmos com uma pessoa e dissermos assim: “Olhe vou cantar agora o fado Pêro Rodrigues” e nos responderem: “O que é isso, desculpe lá que eu não sei” (…) Um português dizer que não conhece é grave. É uma coisa que não me causa algum, causa-me muito desconforto.”.

O modo de escrever dos dias de hoje é algo estranho. Embora também já tenha sido “adepta” dessa “forma” de escrever, compreendi que não trás muitas vantagens para cada um de nós. Uma coisa é abreviar as palavras, outra é inventar uma nova “forma” de escrever com “x’s” e “k’s”. É que passado algum tempo, quando queremos escrever bem, já não conseguimos. Não cheguei a esse ponto, mas ouvi, aqui há algum tempo, uma professora a comentar que os alunos já não sabem como escrever certas palavras: «… por exemplo a palavra chegar: já não sabiam se se escrevia com “x” (como escrevem em sms’s e no mns) ou se era com “ch”».

Em relação aos hábitos de leitura, sei que é pessoal, embora ache que se a palavra “ler” tivesse estado mais presente na infância de alguns jovens, hoje seria algo mais comum. Ficaram-me na memória as palavras de um colega meu quando viu a quantidade de livros que tenho em casa: “Tu lês? Pensava que era o único”. Infelizmente não é um hábito comum nos dias que correm, o que está a fazer com que as pessoas, cada vez mais, se sintam incapazes de imaginar. Só com um livro se desenvolve essa capacidade, pois em todas as outras actividades (cinema, televisão, …) já está tudo “feito”: é assim.


Só em jeito de conclusão, e para os que se identificam com este texto deixo-vos aqui aquilo que, pelo menos, deveriam saber: a palavra fado vem do latim fatum, ou seja, "destino"; existem três tipos de fado: o menor, o mouraria e o corrido.

Posso não vos ter cativado, ainda assim façam uma pequena pesquisa (na wikipédia) e encontraram, de certeza, coisas que não sabiam.

E já agora, preservem o que de melhor há em Portugal (o que é nosso). Se não formos nós, jovens, a fazê-lo daqui a uns anos não restará nada, o que é uma pena!

sábado, 5 de janeiro de 2008

Bem diferente...

"Dizemos que morremos quando queremos, esta teoria deixava-me fora de mim quando eu era viva - eu nunca quis morrer, os meus pais nunca quiseram morrer, nem a rapariga que neste instante pára o automóvel sobre a Ponte 25 de Abril e se atira para o cimento negro do rio quer morrer - quer apenas parar de viver, não é a mesma coisa.

(...)

- Todos estamos a morrer - dizias tu. Mas as crianças morrem mais devagar, abandonadas pelas fadas e pelos príncipes valentes, no negrume de uma floresta enlouquecida."

Inês Pedrosa, em «Fazes-me Falta»

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Quando não queremos ver...

"Tu sabes que não é verdade que nada mude. O mundo não recua de todas as vezes que avança, a caminho de uma ordem caótica imutável. Há uma diferença numa morte a menos. Baixa a televisão - ao teu lado há uma criança de dois anos que grita por socorro, ainda antes de saber pedir socorrro. E eu não posso fazer nada - eu não sou nada. Mas tu podes, filho da mãe. Levanta-te desse cadeirão, desliga a televisão, por favor, e vai lá. Faz isso por mim.
(...) O choro da menina já quase não se ouve, e tu não sabes de nada. Ninguém sabe de nada e a menina está a morrer. Mas morre devagar. Repete que quer ir para a avó(...)
Levanta-te cabrão. Baixa o som dessa cuspideira de imagens que te impedem de ver e ouvir. Salva a menina que quer ir para a avó onde moram a Branca de Neve e os Sete Anões. Salva-a do monstro que lhe deu vida e que amanhã de manhã vai ao hospital tentar convencer os médicos de que a menina caiu, durante a noite.

(...)


A diferença entre a vida e a morte pode ser uma televisão acesa, com o som demasiado alto, para tapar outra morte. Se eu não tivesse morrido, tu não subirias tanto o som da televisão. E terias ouvido os gritos da criança, que não teria morrido."

Inês Pedrosa, em «Fazes-me Falta»