"Ele pega-me por um braço, torce-mo até doer, e eu caio de joelhos no chão. Então, ele olha-me de alto e repete: «Pedes perdão?». Observo-lhe os sapatos, com a dor o folêgo começa a faltar-me, por isso abro a boca e sai uma palavra, sim, essa mesma, perdão.
Estamos outra vez sentados, e ele sorri, contente, e diz: «De hoje em diante, muda-se de vida!» e, enquanto ele fala, eu tenho a certeza de que quem disse aquela palavra não fui eu, foi outra pessoa.
Até esse momento nunca tinha reparado que não somos um, somos dois."
Susanna Tamaro em "Para uma voz só"